À medida que os sistemas de inteligência artificial (IA) se tornam cada vez mais sofisticados, a sua influência potencial na política está a suscitar esperanças e preocupações. Uma nova investigação sugere que os argumentos políticos gerados pela IA podem ser tão persuasivos como os elaborados por seres humanos, potencialmente remodelando a forma como nos envolvemos com o discurso político – com consequências de longo alcance.
Dois estudos da Universidade de Stanford investigam esta questão complexa. O primeiro, liderado pelo professor Robb Willer, investigou o poder de persuasão das mensagens escritas por IA sobre vários temas políticos, como o controlo de armas e as alterações climáticas. Os resultados foram surpreendentes: os participantes expostos a argumentos gerados pela IA mostraram mudanças nas suas opiniões semelhantes às daqueles que leram argumentos de autoria humana, independentemente de inicialmente terem apoiado ou se oposto às políticas discutidas.
Esta descoberta desafia a noção de que a IA carece das nuances necessárias para influenciar eficazmente a opinião pública. Embora os participantes reconhecessem a lógica e a clareza dos textos gerados pela IA, eles atribuíram às mensagens escritas por humanos um maior impacto emocional devido a anedotas pessoais e técnicas de contar histórias.
Num estudo separado, o professor Zakary Tormala e a sua equipa concentraram-se na forma como as pessoas percebem os argumentos políticos com base na sua fonte percebida – humana ou IA. A sua investigação revelou que os indivíduos estão mais abertos a considerar pontos de vista opostos quando apresentados por uma IA, atribuindo esta abertura à objectividade percebida e à falta de preconceitos associados à inteligência artificial.
Este “efeito IA” vai além da mera receptividade. Os participantes que encontraram contra-argumentos da IA eram mais propensos a partilhar estas ideias e até demonstraram menor animosidade para com aqueles que tinham posições políticas diferentes. Isto sugere que a IA poderia potencialmente funcionar como uma ponte entre divisões ideológicas, facilitando conversas mais civilizadas e produtivas.
No entanto, ambos os estudos sublinham a faca de dois gumes deste potencial. Embora a comunicação orientada pela IA possa ajudar as pessoas a interagir com diversas perspetivas de forma mais construtiva, a capacidade da tecnologia de imitar a persuasão humana acarreta riscos inerentes. Se agentes mal-intencionados explorarem a IA para espalhar desinformação ou manipular a opinião pública, as consequências poderão ser terríveis. Imagine um cenário em que entidades estrangeiras usam a IA como arma para semear a discórdia e amplificar as tensões sociais existentes durante as eleições. Esta perspectiva assustadora destaca a necessidade urgente de directrizes éticas e salvaguardas em torno do desenvolvimento e implantação da IA na esfera política.
Em última análise, estes estudos de Stanford servem como um lembrete claro: a IA está rapidamente a tornar-se uma ferramenta poderosa para moldar as nossas visões do mundo e influenciar os cenários políticos. Resta saber se, em última análise, promove uma maior compreensão ou agrava as divisões sociais. Uma coisa é certa: temos de navegar neste cenário emergente com otimismo cauteloso e vigilância inabalável.








































